quarta-feira, 27 de abril de 2016

Pai Neto de Nanã, Idealizador, Coordenador e instrutor do Projeto Jovens Caixeiras fala do Projeto e sua trajetória

     Álvaro José dos Santos, Pai Neto de Nanã, atingiu nota máxima na classificação do Edital Bolsa Funarte de Fomento aos Artistas e Produtores Negros 2014 - Módulo C, com o Projeto Jovens Caixeiras desenvolvido por ele  há alguns anos de maneira independente.
      O Projeto consiste na formação de mulheres como Caixeiras do Divino, por conta de uma demanda identificada nas Festas do Divino Espirito Santo, que é a necessidade de formar novas Caixeiras do Divino, pois, atualmente, em sua maioria, estão em idade já avançada e muitas falecendo.
      Devoto do Divino Espirito Santo, e sendo um Festeiro (termo usado para identificar as pessoas que pagam promessas nas Festas do Divino Espirito Santo), Pai Neto de Nanã, compreende o Rito do Divino como um universo feminino, apesar da presença masculina, ser  perceptível na atualidade.
     Em entrevista realizada dia 26/04, ele nos falou um pouco da sua relação com a Festa do Divino Espirito Santo e da ideia do Projeto Jovens Caixeiras.
     "Sou Pai Neto de Nanã, da Nação Mina Nagô, tenho 45 anos, e  minha relação com a Festa do Divino Espirito Santo começou na infância, sendo parte do império, como pagamento de promessa do meu avô e da minha mãe.       
     Com a participação na Festa e sendo iniciado na Mina aos 10 anos, fui aprendendo sobre o ritual e sobre a técnica de confecção de Caixas do Divino, com o meu avô. Aos 17 anos me tornei lutiê de instrumentos afros percussivos e passei a pesquisar a reutilização de materiais para a confecção de instrumentos. 
    Como resultado da pesquisa foi desenvolvido a confecção da Caixa do Divino com litros de garrafões pet (água mineral /20 l), que posteriormente comecei a trabalhar nos Projetos "Divinas Caixas", "Divino Toque" e "Jovens Caixeiras".       
      Ao mesmo tempo que confeccionava Caixas do Divino e outros instrumentos participava de rituais de Festas do Divino Espirito Santo,o que me levou a perceber a importância da mulher neste rito, tal qual nos Terreiros de Mina, ainda que , atualmente tenhamos presença masculina, a sua essência é feminina, por conta disso, realizamos este projeto desde o ano de 2004. Apesar de não ser fechado apenas para mulheres, o foco é o público feminino.      
     Ficamos felizes com o reconhecimento do Prêmio Funarte, pois pela primeira vez esse projeto será realizado com maior infra-estrutura. O local onde será desenvolvido carrega toda a simbologia das Festas do Divino Espirito Santo, pois trata-se de um terreiro de matriz africana."

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